sábado, 22 de setembro de 2012

A massai branca (Die Weisse Massai)

Impressionante, como pode existir no mundo alguém com a força e a coragem que esta mulher teve, uma pessoa que acreditou no amor visceralmente a ponto de viver uma outra vida, uma mente aberta, uma pessoa iluminada, muito à frente do nosso tempo, infelizmente o seu grande amor não conseguiu acompanhá-la, sua alma e mente ainda não estavam prontos, uma estória real e chocante, para mim nem tanto pela diferença de cultura, costumes e ambiente rudimentar, mas o que me tocou mesmo foi descobrir que existe neste mundo pessoas que têm coragem de se arriscar, de se suicidar para viver intensamente.
http://www.youtube.com/watch?v=SkeLnMpxjBw&feature=relmfu

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O homem Sikh


A visão de um Sikh nunca é algo trivial.
São homens altos, de pele morena, lindos olhos amendoados e o turbante feito com 7 metros de tecido chamam a atenção e nos fazem perdurar o olhar.

Eu nunca ha via visto um Sikh pessoalmente e confesso que minha unica referência era a do do filme 'O Paciente Inglês' interpretado por Naveen Andrews, com o personagem 'Kip'.

Os Sikh tem um orgulho em ser quem são e ostentam isso com uma naturalidade genuína. Os turbantes podem ser de cores e tecidos variados, mas o olhar de Rei é sempre o mesmo.


'Você jamais verá um Sikh pedindo esmolas'
 
'Nós temos saúde e força e iremos trabalhar e sobreviver com honra até o fim dos dias.

Um Sikh tem orgulho de sua estirpe e demonstra isso utilizando os símbolos máximo de sua fé - que se mistura à vida -
- o turbante - para diferenciá-los na multidão e fazê-los lembrar quem são;
- a pulseira de metal ''Kara''- como símbolo de sua fé e exemplo do seu Guru - uma forma circular para lembrar que o universo é infinito, e  toda vez que  levarem a mão à boca para comer ou beber, professar a sua fé lembrando de quem são e de que fé é tão importante quando o alimento;
- o punhal 'Kirpan' - parece-se com um, não dá pra descrever, mas os deixa sempre prontos para a batalhe e é o símbolo de sua força e prestatividade;
- pente- 'Kanga' - trazem sempre consigo, ou no turbante, ou no bolso, reafirma o compromisso com a sociedade Sikh;


- a roupa de baixo é sempre a mesma - mesmo modelo- para lembrar da humildade e origens, independente de poder aquisitivo ou traje de luxo.

Aprendi com esse povo sobre ter orgulho de quem somos e não se envergonhar de suas escolhas.
Um dos momentos de sabedoria Sikh eu pude presenciar em meio a um grupo de pessoas, quando percebi meu amigo Sikh silencioso e, na tentativa de fazê-lo interagir eu disse:''Kammaal e você? Por que não está conversando?" e ele respondeu:

''Se todos estão conversando, quem está ouvindo?''

São pequenas 'pérolas' como essas aliado ao comportamento educado e garboso que me fizeram encantar por esse povo.

A experiência de visitar um templo Sikh  é algo inesquecível.
O dourado impera nos detalhes e apesar de parecer sisudo, é tudo simples e limpo. Há sempre alguém lendo a escritura sagrada dos Sikhs o ''Guru Grand Sahib'', segundo eles a revelação categórica de Deus numa linguagem universal. 
É lindo, independente do idioma, é possível sentir na voz de quem lê o sagrado ali presente. Em qualquer horário, nas 24h sempre haverá alguem lendo e cantando as revelações.

Não tem como separar fé, religião e sociedade.

Para o Sikh tudo está interligado e é maravilhoso presenciar o sagrado em seus gestos, sorrisos e ações.


Por Luciana Arruda

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Tabacaria



    Não sou nada.
    Nunca serei nada.
    Não posso querer ser nada.
    À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
    Janelas do meu quarto,
    Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
    Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
    Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
    Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
    Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
    Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
    Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

    Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
    Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,

    E não tivesse mais irmandade com as coisas
    Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
    A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
    De dentro da minha cabeça,
    E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
    Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
    Estou hoje dividido entre a lealdade que devo

    À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
    E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
    Falhei em tudo.
    Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
    A aprendizagem que me deram,
    Desci dela pela janela das traseiras da casa.
    Fui até ao campo com grandes propósitos.
    Mas lá encontrei só ervas e árvores,
    E quando havia gente era igual à outra.

    Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
    Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
    Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
    E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
    Gênio? Neste momento
    Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
    E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
    Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
    Não, não creio em mim.
    Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
    Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
    Não, nem em mim...

    Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
    Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
    Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
    Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
    E quem sabe se realizáveis,
    Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
    O mundo é para quem nasce para o conquistar
    E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
    Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
    Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
    Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
    Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
    Ainda que não more nela;
    Serei sempre o que não nasceu para isso;
    Serei sempre só o que tinha qualidades;
    Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
    E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
    E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
    Crer em mim? Não, nem em nada.

    Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
    O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
    E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
    Escravos cardíacos das estrelas,
    Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
    Mas acordamos e ele é opaco,
    Levantamo-nos e ele é alheio,
    Saímos de casa e ele é a terra inteira,
    Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

    (Come chocolates, pequena;
    Come chocolates!
    Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
    Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
    Come, pequena suja, come!
    Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
    Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
    Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

    Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
    A caligrafia rápida destes versos,

    Pórtico partido para o Impossível.
    Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
    Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
    A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
    E fico em casa sem camisa.
    (Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
    Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
    Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
    Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
    Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
    Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
    Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
    Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
    Meu coração é um balde despejado.
    Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
    A mim mesmo e não encontro nada.

    Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
    Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
    Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
    Vejo os cães que também existem,
    E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
    E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

    Vivi, estudei, amei e até cri,

    E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
    Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
    E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
    (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
    Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
    E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente
    Fiz de mim o que não soube
    E o que podia fazer de mim não o fiz.
    O dominó que vesti era errado.
    Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
    Quando quis tirar a máscara,
    Estava pegada à cara.
    Quando a tirei e me vi ao espelho,
    Já tinha envelhecido.

    Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
    Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
    Como um cão tolerado pela gerência
    Por ser inofensivo
    E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
    Essência musical dos meus versos inúteis,
    Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
    E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
    Calcando aos pés a consciência de estar existindo,

    Como um tapete em que um bêbado tropeça
    Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

    Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
    Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
    E com o desconforto da alma mal-entendendo.
    Ele morrerá e eu morrerei.
    Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
    A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
    Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
    E a língua em que foram escritos os versos.
    Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
    Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
    Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

    Sempre uma coisa defronte da outra,
    Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
    Sempre o impossível tão estúpido como o real,
    Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
    Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

    Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
    E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
    Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
    E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
    Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
    E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
    Sigo o fumo como uma rota própria,
    E gozo, num momento sensitivo e competente,
    A libertação de todas as especulações
    E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
    Depois deito-me para trás na cadeira
    E continuo fumando.
    Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
    (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
    Talvez fosse feliz.)
    Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
    O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
    Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
    (O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
    Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
    Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
    Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

    Álvaro de Campos, 15-1-1928

terça-feira, 11 de setembro de 2012

  "You are what your deep, driving desire is.  As your desire is, so is your will.  As your will is, so is your deed.  As your deed is, so is your destiny."  - Brihadaranyaka Upanishad IV.4.5

Tradução livre: "Você é o seu desejo, a condução é profunda. Conforme seu desejo, assim é a sua vontade. Medida que a sua vontade é, assim é a sua ação. Medida que a sua ação é, assim é o seu destino."

Ou: O que for a profundeza do teu ser, assim será teu desejo.
O que for teu desejo, assim será tua vontade.
O que for tua vontade, assim serão teus atos.
O que forem teus atos, assim será teu destino.

domingo, 9 de setembro de 2012

"Cabe ao homem compreender que o solo fértil, onde tudo que se planta dá, pode secar; que o chão que dá frutos e flores pode dar ervas daninhas; que a caça (escassa) se dispersa, e a terra da fartura pode se transformar na terra da penúria, da fome, da destruição. O homem precisa entender que de sua boa convivência com a natureza depende sua subsistência, por isso não deve matar um animal se não for se alimentar dele, não deve arrancar uma folha sem necessidade, não deve abrir caminhos na floresta por onde jamais passará. O ser humano precisa entender que a destruição da natureza é a sua própria destruição, pois a sua essência é a natureza: a sua origem e o seu fim"


"Será fácil reconhecê-los, palavras não serão necessárias, e nem mesmo será preciso saber seus verdadeiros nomes. Saberá encontrá-los pela afinidade de suas energias, pelo chamado de seus corações e pela profunda identificação com seus sentimentos."


sábado, 1 de setembro de 2012

Há algo que sinto quando olho para o oeste E meu espírito chora para partir Em meus pensamentos tenho visto anéis de fumaça atravessando as árvores E as vozes daqueles que ficam parados olhando Isto me faz pensar Isto realmente me faz pensar...

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Estejam onde estiverem, falem a língua que falarem, tenham a cor que tiverem, duas almas seguem para um ponto de encontro.